Filme Chef reafirma supervalorização de culinária autoral

O filme “Chef”, lançado em 2014, movimentou os cinemas norte-americanos. Conta a história de um chef frustrado, pois o patrão não o deixa cozinhar o que quer e exige um cardápio de ideias já conhecidas, como petit gâteau de chocolate.

Decorre um tempo e o chef explode, demite-se e toma iniciativa de criar a cozinha autoral com a qual sempre sonhou. Para isso, compra um “food truck”, servindo comida de rua. A proposta do filme é mostrar que chef não pode só seguir ordens do patrão, porque chef feliz é o que faz cozinha autoral. No caso da película, não há nada de muito inédito no menu do “truck”, que inclui medianoche (sanduíche típico cubano que leva porco, picles, mostarda e queijo) e barbecue à moda texana. Porém, os chefs não precisam reinventar a roda para se sentirem satisfeitos.

Benny Novak, chef paulistano, serviu as comidas do filme em uma avant-première em cinemas de luxo. Em seu estabelecimento, pratos clássicos como espaguete à carbonara e steak tartare compõem o menu. “Não me faz falta criar pratos, estou muito afirmado. Canso de ver cardápios autorais intragáveis. Nem sempre é preciso desconstruir uma galinha do avesso”, declara. O conceito de cozinha autoral é supervalorizado, em parte pelos rankings que endeusam os criativos e desdenham os que reproduzem a tradição. O filme, assim, alimenta o mito de que um chef que cria receitas próprias vale mais do que um tradicional, que executa pratos familiarizados pelo público.

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